A urgência do tema
Você já pensou que aquele powerbank superpotente pode representar um risco durante o voo? Com a crescente utilização de baterias de alta capacidade em aeronaves privadas, a segurança de pilotos e passageiros entra em debate. Este artigo vai direto ao ponto: os perigos do transporte inadequado de powerbanks e baterias LIPO (UN 3480) e como você pode voar com mais segurança e dentro da regulamentação.
O que são baterias LIPO e por que elas oferecem riscos?
As baterias de polímero de lítio (LIPO), classificadas como UN 3480, são conhecidas por sua densidade energética, leveza e capacidade de descarga rápida — características que as tornam populares em eletrônicos portáteis. No entanto, essa eficiência vem acompanhada de um risco elevado de superaquecimento e até explosão, especialmente em ambientes pressurizados como o interior de uma aeronave.
A combinação entre baterias LIPO de alta capacidade e o uso simultâneo de dispositivos eletrônicos — como powerbanks de 60.000 mAh conectados ao Starlink Mini — pode levar a incidentes críticos, como já ocorreu em companhias aéreas como a Hong Kong Airlines, que precisou realizar um pouso de emergência devido ao incêndio causado por um powerbank.
Powerbanks de alta capacidade: quando o excesso vira perigo
O mercado tem visto um aumento na venda de powerbanks com capacidades exageradas, muitos sem certificação do INMETRO. O problema não está apenas na potência, mas na falta de controle de qualidade e segurança desses dispositivos. Além disso, há uma falsa sensação de segurança disseminada em vídeos e tutoriais que indicam que é possível “carregar e usar ao mesmo tempo”, o que é extremamente arriscado.
Durante o voo, o calor gerado por esse tipo de uso simultâneo pode ser suficiente para causar incêndios ou explosões.
O que diz a ANAC e a legislação internacional
A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) segue critérios estabelecidos no RBAC nº 91, especialmente na seção 91.21, que regula o uso de dispositivos eletrônicos portáteis a bordo. O uso de equipamentos como powerbanks e antenas Starlink só é permitido se comprovadamente não houver interferência nos sistemas da aeronave.
No momento, a Instrução Suplementar IS nº 91.21-001 está em processo de revisão e deve incorporar recomendações da FAA americana (AC 91.21-1D). Enquanto isso, a ANAC recomenda que os operadores adotem práticas de mitigação de risco e não autorizem o uso de dispositivos sem análise técnica adequada.
Starlink Mini e alternativas seguras para conectividade
A conectividade durante o voo é um diferencial importante, especialmente para o acesso a informações meteorológicas e de navegação em tempo real. No entanto, a alimentação do Starlink Mini não precisa depender de powerbanks de risco.
A maioria das aeronaves privadas já conta com tomadas seguras de 12V, 24V ou até 110V, com circuitos projetados para garantir estabilidade elétrica. Além disso, recomenda-se que o uso de dispositivos como o Starlink aconteça somente após alcançar altitudes seguras, para evitar distrações durante decolagens e pousos.
Boas práticas e recomendações para um voo seguro
- Utilize apenas powerbanks certificados pelo INMETRO;
- Evite carregar e utilizar o dispositivo simultaneamente;
- Jamais transporte baterias de alta capacidade fora das normas da ANAC;
- Prefira sempre a alimentação por fontes da aeronave, projetadas com segurança elétrica;
- Consulte as diretrizes da ANAC ou de um especialista antes de embarcar com powerbanks ou baterias LIPO.
Conclusão: A segurança da aviação começa nos detalhes
Powerbanks e baterias LIPO podem parecer inofensivos — até que algo dá errado. Em voos privados, onde o piloto é também o responsável direto pela segurança, é essencial adotar práticas conscientes e alinhadas às normas da aviação civil. Com planejamento, informação e atenção, é possível manter a conectividade sem abrir mão da segurança.